quarta-feira, 21 de maio de 2008

Auto-Flagelação


Agora?
Não sei... Parece que sim...
Tudo muito confuso
Me perco em mim
Era para eu ter qualquer resposta
Mas só tenho todas as perguntas...
Ainda seria fácil se eu
Fosse mais fluida - menos densa
Mais volátil - menos bruta
Conseguiria pôr aqui
Tudo que sinto
Mas, não sei se por preguiça
Ou incapacidade mesmo
Não consigo...
E já fui melhor até
Tudo que dói tento expurgar
Pelas palavras
Mas a dor me deixa burra
E o medo me faz fraca...
Perdida, densa e bruta
Burra e fraca
Cada texto meu é uma violência
Que cometo contra mim
No anseio desesperado
De tentar me aliviar.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Disparos Contra a Noite (A Queima Roupa)




Disparo idéias obtusas
Contra a cabeça da noite
Em meu desvairado coração
Não cabe mais tantas dúvidas...
O silêncio dos teus gestos
Recolheu em mim o último grito
De socorro que restava...
Sobrou-me agora a frouxidão
Destas mão cansadas
De tentarem te alcançar...
Sobrou agora o calor bufante
Desta noite
E ele não me livra do frio
Que o vazio de não te encontrar
Me traz...
[E tem um mistério
Um rebuliço de horas
E umas palpitações infartantes...]
A tua falta me desgasta
E me arrasta pela piçarra dos dias,
Me despindo dos sonhos
E da própria pele.
Disparo balas na boca
Desta noite de angústia
E elas soam abafadas
E elas não abrem feridas...
Porque são feitas
Para atingir sem matar
Porque são feitas de saudade...
E saudade não mata ninguém
A queima roupa.