sexta-feira, 16 de maio de 2008

Disparos Contra a Noite (A Queima Roupa)




Disparo idéias obtusas
Contra a cabeça da noite
Em meu desvairado coração
Não cabe mais tantas dúvidas...
O silêncio dos teus gestos
Recolheu em mim o último grito
De socorro que restava...
Sobrou-me agora a frouxidão
Destas mão cansadas
De tentarem te alcançar...
Sobrou agora o calor bufante
Desta noite
E ele não me livra do frio
Que o vazio de não te encontrar
Me traz...
[E tem um mistério
Um rebuliço de horas
E umas palpitações infartantes...]
A tua falta me desgasta
E me arrasta pela piçarra dos dias,
Me despindo dos sonhos
E da própria pele.
Disparo balas na boca
Desta noite de angústia
E elas soam abafadas
E elas não abrem feridas...
Porque são feitas
Para atingir sem matar
Porque são feitas de saudade...
E saudade não mata ninguém
A queima roupa.

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