segunda-feira, 2 de julho de 2007

Nathalia


Gosto das pessoas. Acho inclusive que elas são a melhor parte do mundo. A melhor e a mais nociva. Me encanta observar, no desenrolar de uma conversa, como cada personalidade (suave ou bruscamente) se revela. Adoro ver que as pessoas que menos se preocupam em "fazer tipo" são as que resguardam em si as mentes mais profundas e brilhantes. E já percebi também que as pessoas que falam menos são as que remoem dentro de si os sentimentos e idéias mais tortuosos e perigosos... Tenho pânico de quem não fala. E eu gosto de falar... E como gosto! E de escrever também. De falar mais do que de escrever. Às vezes acontece de me engatar um ponto de interrogação na garganta, e outro no meio das idéias... Aí paro de falar e de escrever enquanto ele se dissolve. Sempre sou assim, difusa. Inconstante deveras... Mas cautelosa. Porque ninguém tem obrigação de suportar minhas repentinas (embora breves) variações de humor.
Mas sou otimista... Dessas patológicas, mesmo. Abestalhada. Perco tempo nas coisas mais frívolas e cotidianas, observando a beleza de tudo, feito uma imbecil deslumbrada. Pelo menos úlcera sei que não vou ter (né, mãe?). Nem câncer. Nem problemas cardíacos... Opa! Será que eu não poderia ganhar dinheiro com isso?! "Como se livrar de doenças sendo um oligofrênico desvairado". Ia vender horrores.
Fora o incontável número de vezes que me estrepo por ser assim (as pessoas insatisfeitas lutam muito mais), eu gosto da minha maneira de ser. Acho um saco enxergar muito de perto os problemas que eu já sei que existem... Então procuro deixá-los de lado. Resultado: eles ficam no mesmo lugar! Tesos. Duros. E eu termino por constatar que eu fabrico as pedras do meu caminho. Eu não tenho muita obstinação, não. A curto prazo, talvez. E isso é um risco pra quem não pensa em morrer tão cedo. Porque é preciso planejar o futuro. Traçar metas e ser leal a elas, imaginar diretrizes, abrir caminhos. E eu não faço nada disso, infelizmente. Até tento, mas tudo me cansa depois de um curto período de tempo.
A precaução também não é meu forte. Claro que não me atiro aos perigos de andar em ruas desertas altas horas da noite, nem saio com qualquer pessoa que acabe de conhecer. Estou falando de ser precavida nas pequenas coisas. Nessas que as pessoas normais habitualmente são. Não estudo uma semana antes das provas. Não escondo minhas impressões e exclamações e contantes interrogações (para o desespero da minha irmã e terror do meu namorado). Como de tudo, às vezes furiosamente. Durmo às 4, sabendo que terei de levantar ás 6, sem culpa (ou nem durmo).
Sou livre demais, essa é a verdade. E digo isso sem um pingo de orgulho. As vantagens de ser assim existem (tem vantagem pra tudo nesse mundo ), mas eu acho que esse é só mais um problema que transformo em pedra.
Aí você se pergunta porque que eu não mudo. Porque eu não procuro ser uma pessoa mais normal e centrada (afinal, não pode ser tão difícil assim!). E eu vou te responder que não mudo porque a maneira mais rápida de deixar de ser tão, digamos, bagunçada é (isso mesmo) sendo exatamente do jeitinho que sou. Essa é a maior vantagem de ser uma pessoa que não agüenta ser a mesma todos os dias.

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